Leia também:
Em Espanhol: Glorioso Ministerio, em Francês: Ministère Glorieux
Em Inglês: Glorious Ministry, em Alemão: Wunderbaren Ministerium
e em Russo: pykkom.blogspot.com Leia ainda: Ismael & Isaac

ÍNDICE
1. Chamada
2. Varanda do Ministério 
3. Tradições equivocadas
4. Disciplina ou açoite?
5. Encarando oposições
6. Antes de fazer as malas
7. Ministério colegiado
8. Milagres no rebanho
9. Lutando pelo essencial
10. Questões da consciência cristã
11. Como atender suas ovelhas
12. Autoridade na Igreja e no Reino
13. Conhecendo os novos irmãos
14. Conhecendo a condição das ovelhas
15. Compra. Venda. Construção
16. Parlamento cristão
17. Treinando os leigos
18. Pastor e família
19. Palavra de líder
20. Pendurando as chuteiras. Palavras finais

1. O chamado

Quando o jovem chega ao momento de decidir sua carreira profissional, as coisas não são simples. Por vezes, até se complicam deixando o estudante em conflito, não vendo diante dele ou dela uma profissão futura bem definida. É comum ver uma pessoa cursar toda uma faculdade e depois não exercer a carreira correspondente, às vezes nem entrando nela, outras vezes parando no meio do caminho.
Mas quando se trata de vocação ministerial, os erros trazem consequências mais sérias, pois os negócios do reino eterno estão mais diretamente em jogo. Abraçar este ministério com vocação é uma bênção. Afastar-se dele com vocação é um desastre. Abraçá-lo sem vocação é um desastre. Afastar-se dele sem vocação é uma bênção.
Em se tratando de vocação ministerial, a chamada não se define na base do gostar ou não gostar da profissão, testes vocacionais, mercado de trabalho, recursos para o sustento acadêmico e outros fatores importantes para ajudar o aspirante.
Nesse período de decisão, o candidato ministerial jovem ou mesmo adulto, deve prestar atenção a certas evidências.
Uma delas é a evidência do convencimento do Espírito. Sendo algo tão subjetivo, não deixar de ser a primeira e mais importante das provas de uma vocação divina. No meu caso particular, eu possuía apenas três anos de conversão, único convertido, até então, de toda a família, apenas quinze anos de idade, membro de uma pequena igreja, ovelha de um pastor visitante com uma visita por mês ao rebanho. Tinha tudo para não saber nem sequer se existia alguma coisa como chamada ministerial. Não havia nada que pudesse usar como prova técnica de vocação para alguma coisa, mesmo na esfera secular. No entanto, o Espírito já me havia convencido que meu futuro seria fazer uma obra semelhante aquela do meu pastor e dos poucos pastores que conheci naquele breve espaço de tempo de cristão.
Lembro-me bem de que me exercitava constantemente, perguntando a mim mesmo, como me sairia se fosse um Médico, Advogado, Engenheiro, Professor? E assim por diante. A resposta que vinha de dentro era sempre a mesma, não entre nessa!
Uma segunda evidência de vocação ministerial é a apreciação dos outros. Você sabe como o Espírito Santo lhe fala o tempo todo que o tem separado para sua obra especial. Assim também, é muito natural que essa mesma convicção seja levada por ele mesmo ao coração daqueles que convivem com você durante essa fase importante de sua vida. O desestímulo pode partir de um irmão pouco instruído na Palavra a respeito desse portentoso assunto. O incentivo indevido ou exagerado, também. Mas, uma constante manifestação dos filhos de Deus nessa direção, aliada à evidência mais importante, a sua certeza interior, deve ser algo notável para você nessa excitante ocasião de sua vida cristã.
E por falar em desestímulo, lembro-me de um jovem também novo convertido, quando disse, Eimaldo, eu acho que Deus não costuma chamar pessoas magras como você porque todos os pastores que até agora conheço são gordos, inclusive o nosso. Tratava-se do meu primeiro pastor, Pastor Israel José Pinheiro, um gigante na fé. O pastor José Martins Rodrigues, que me deu posse em Paranaguá, Estado do Paraná, aqui no Brasil, em 30 de Janeiro de 1960, me contou que no Seminário os colegas costumavam brincar com ele assim, de Israel tem tudo, de pinheiro não tem nada! Isso, por causa de sua pequena estatura física. Entre eles estava outro futuro gigante, o Pastor David Gomes. Pela graça, aquele balde de água fria não durou muito. O bondoso Deus me fez conhecer grandes pastores magros como Osmar Soares, Emanuel Queirós, Rubens Lopes, Souza Marques, o ventríloquo americano Dr. Enete do boneco Zezinho e muitos outros. 
Por outro lado, todo encorajamento ou apoio deve ser muito bem vindo, principalmente da parte do pastor ou pastores relacionados com o candidato. No meu caso pessoal, o Pastor Israel foi uma grande bênção. Ele e o Pastor João Barreto da Silva, outro gigante. O Pastor Barreto, como era chamado, me recebeu no Colégio Batista Fluminense como aspirante ao Ministério da Palavra e mais tarde, como seu auxiliar, compartilhando comigo até o privilégio de visitar suas ovelhas e seu honrado púlpito.  
Uma terceira evidência é a frequência com que o Senhor fala através da sua Palavra. Mesmo quando você está lendo ou estudando uma passagem, cujo contexto não trata diretamente de chamada, o Espírito o conduz nessa direção da qual você nunca deve se desviar. Por exemplo, ao ler os Patriarcas, Juízes, Profetas e Jesus Cristo, sobretudo, você vai sentir uma interação de privilégio, compromisso e chamada. A distância dos séculos parece já não existir. E quando o contexto é de chamada, como de Abraão, Moisés e David, e muitos outros, a sua identificação ainda é mais profundamente sentida. E que dizer quando você mesmo é frequentemente encaminhado pelo Espírito para tais passagens? 
O Pastor Arthur Elder, missionário da Missão Batista Britânica, meu colega no Paraná, Brasil, algumas vezes nos lembrou de um jovem na Inglaterra. Procurou o seu pastor e disse, pastor, eu estou me sentindo chamado para ser pastor. Que devo fazer? O pastor lhe respondeu, se você puder, tire o corpo fora! Naturalmente a compreensão do valor desse conselho depende totalmente de pôr a ênfase no lugar certo. Se você puder, ou simplesmente, tire o corpo fora. É certo que aquele pastor estava oferecendo o melhor conselho, se você puder... Ou seja, se você realmente foi chamado, pode até tentar, mas não vai conseguir tirar o corpo fora desse pesado fardo.


2. Na ante-sala do ministério

Foi um dia, ou melhor, uma noite muito especial em minha vida, como não poderia deixar de ser. Como sempre acontece, a grande preocupação era decidir o que dizer à comunidade e ao povo que me elegeu como seu guia espiritual. Em ocasiões como essa, um bom caminho é relatar para o auditório como foi que o Senhor o escolheu para ocupar um cargo tão especial naquela igreja e naquela cidade. Outra opção é apontar um texto que chame pastor e ovelhas à responsabilidade do ministério pastoral. E foi o que fiz, baseando-me em Efésios 6.19 e 20. "...orando também por mim para que me seja dada, no abrir da minha boca, a palavra com confiança, para fazer notório o mistério do evangelho..." O ministério paulino é abundante em tudo que se refere ao Ministério da Palavra. Atos 20.24, embora faça parte de um contexto de despedida, é um bom exemplo de inspiração para as primeiras palavras de um pastor à igreja e à comunidade no dia de sua posse. A bíblia é riquíssima em fontes de inspiração para posse no ministério divino.
Como acontece em tais situações, a assistência estava composta pela igreja local, pastores e representantes de outras igrejas da Convenção, representantes de outras igrejas e denominações e ainda representantes do governo municipal, entidades de classes sindicais e comerciais da cidade. Em tudo isso, vi uma excelente oportunidade para testemunhar de Jesus Cristo como única esperança para o mundo.
Estávamos na aurora da década de sessenta, com primeira viagem espacial, fundação de Brasília, a nova capital, espera pela TV colorida e muitas outras expectativas para o povo brasileiro e para o mundo, mas a família de Deus permanecia consciente de que nosso Senhor Jesus Cristo no coração era a única efetiva solução para a felicidade eterna e para os grandes problemas da humanidade. E foi assim que um jovem de vinte e quatro anos, na companhia de sua esposa Ruth, de vinte e dois, recém-casados, repletos de sonhos e esperanças, se lançaram na mais bela e mais nobre tarefa deste globo.

3. Tradições equivocadas

Minha carreira cristã era ainda bem curta e pouco sabia a respeito de diáconos. Sabia que se tratava de oficiais bíblicos e me impressionava a história bíblica da criação desse serviço. Na igreja onde conheci Jesus e passei os primeiros anos de vida cristã não havia o diaconato como vim a conhecer mais tarde na prática. Aí então, olhava com admiração aqueles homens, sim, homens e não mulheres, vestidos de terno e gravata, distribuindo o pão e o vinho aos participantes da ceia do Senhor, tudo coisa nova para mim. Pensava sozinho, agora já poço dizer o que é ser um diácono. Não conheci muito mais que isso ao longo dos meus estudos, incluindo o tempo de seminário.

Ao chegar ao exercício do pastoreio, as coisas corriam quase do mesmo modo. Os diáconos se desincumbiam bem de suas obrigações formais e se sentiam responsáveis por fiscalizar as ações pastorais. Estávamos na época da Aliança para o Progresso, quando as igrejas recebiam alimentos e roupas para os menos favorecidos.

Foi então que tive nas mãos uma das grandes oportunidades de treinar os diáconos. Mas não o fiz na melhor maneira que podia. Lembro-me de que pregava sobre o diaconato bíblico, mas não levava comigo diáconos na entrega daqueles socorros que eu prestava enquanto visitava o rebanho. Sem dúvida, aqui está uma das grandes lições que eu passo para os novos obreiros. Entreguem a causa dos pobres aos seus diáconos, ou, pelo menos, levem eles com vocês, para que conheçam o estado de suas ovelhas. Isso servirá de grande edificação para eles e para todo o rebanho. 

Agora eu já possuía aquela visão bíblica de diáconos como pessoas escolhidas para suavizar as funções ministeriais, sendo estas, primordialmente, as orações e a pregação da Palavra. A tarefa deles deveria ser, essencialmente, servir as mesas, mesa dos pobres, mesa do Senhor e mesa do pastor. Creio que essas duas últimas mesas ficam muito bem para os diáconos, mas não devem ser tomadas como funções exclusivas deles, pois não vejo na Bíblia apoio para essa exclusividade. Do mesmo modo, as funções deles não se restringem às três mesas, sabendo que devem aliviar a carga de seu pastor e esta carga se torna cada vez maior, na medida em que a vida humana também se torna cada vez mais complexa.

Ao encerrar este testemunho, aconselho os pastores presidentes a levar suas igrejas a adotar um sistema de renovação periódica do seu corpo diaconal, a exemplo do que acontece com as demais lideranças eclesiásticas. Trata-se de um método bem democrático que se amolda entre as eleições gerais da igreja e a dos pastores. Por exemplo, uma igreja com 6 diáconos ordenados pode renovar o seu terço ao final de cada ano, escolhendo-se os quatro mais votados para prosseguir no próximo ano, enquanto os dois menos votados descansam de suas atribuições, até serem reconduzidos numa futura assembléia anual, a critério da igreja. O lado do diácono também será respeitado, uma vez que alguns não desejam sua recondução, baseados na sua própria experiência mal sucedida. Se o número de seis é importante para sua igreja, então dois novos candidatos podem ser eleitos em regime de experiência, visando-se também concorrerem a eleições futuras. Como diz o Pastor Ebenézer Soares Ferreira em seu livro Vade Mecum do Obreiro e da Igreja, o  rodízio traz diversas vantagens, entre elas,...Dá aos jovens inspiração para servirem no Diaconato...É a maneira mais fácil de eliminar da função aqueles que não se adaptam bem à mesma. Permite o afastamento de alguns da função diaconal sem embaraços...


4. Disciplina ou açoite?

Aqui está um dos maiores segredos do sucesso ministerial. O exercício da disciplina nos moldes do Novo Testamento. Algumas vezes me esqueci que essa questão se encontra na Palavra bendita de um modo tão simples e eficaz. Mateus 18.15 a 22 deve ser considerado uma resenha do Sermão da montanha produzida pelo mesmo autor, nosso Senhor Jesus Cristo, Pastor e Bispo de nossas almas. Deve ser colocada num quadro e estampado à frente de nossa escrivaninha.

Ainda bem novato no pastoreio, pessoas me procuraram para que administrasse uma situação grave. Cada uma dizia, pastor, estão dizendo que os irmãos tais estão cometendo adultério. Eram casos distintos e, segundo os reclamantes, também antigos.

Abracei a causa como sendo eu mesmo o único responsável para resolver a questão. Hoje sei que acertei quando não declinei o nome dos envolvidos com nenhuma pessoa dentro ou fora da igreja. Mas reconheço que errei quando levei o assunto para a igreja, pedindo que se nomeasse uma comissão para receber possíveis casos de suspeitas graves no meio do rebanho. A igreja acatou a minha sugestão, mas não se obteve um resultado prático porque eu não poderia declinar nomes e nisso, como já disse, eu acertei, mas o meu trabalho foi incompleto.

Agora vou apresentar para vocês como eu agiria hoje ao passar pela mesma situação. Abriria a Palavra provavelmente em Mateus 18.15 a 22, cobrando do reclamante a compreensão e a aceitação do texto. No mesmo momento daria a ele a tarefa de executar o plano de Jesus, instruindo-o em termos práticos dentro da questão que ele me trouxe. Uma vez aceita a missão, ofereceria a ele ou ela todo o suporte e acompanhamento necessário até a solução do problema, sempre com muito respeito à privacidade da pessoa implicada, independente do desfecho final. Se ele não assumisse a responsabilidade da administração do problema em bases neotestamentárias, então, lhe diria, você não tem mais qualquer direito de tocar nesse assunto com quem quer que seja e, se o fizer, estará sujeito às consequências de sua decisão, inclusive a própria disciplina de sua igreja.

Tenho ouvido falar de pastores que usam métodos mais radicais, como por exemplo, pegar uma folha de papel e dizer, escreve tudo o que você acaba de me contar e assina. Mas não estou certo de que esse método vai culminar em uma solução totalmente harmoniosa com o conselho de Jesus.

Ocorre-me outro caso de disciplina. Durante uma reunião de oração de um grupo, uma irmã orava, Senhor, como a igreja está sofrendo na boca do povo! Como eu estava presente, fui para casa bastante preocupado com aquela oração, pensando sozinho enquanto dirigia o carro com minha família, após o culto daquela noite de Domingo. Por que essa irmã não tomou nenhuma providência a respeito de problema tão sério? Por que não deu ao pastor o direito de saber a razão de sua angústia? Serei eu o alvo de uma calúnia?

No dia seguinte voltei ao campo da igreja, me dirigi àquela ovelha e fiquei sabendo do que se tratava. Veja qual foi a minha decisão. Convoquei uma reunião entre a reclamante, a pessoa mais influente envolvida no problema e outra também conhecedora do assunto. A parte envolvida afirmou, não me acho em falta com o Senhor nem com a igreja. Minha consciência está tranquila. Vou pedir a minha carta para uma igreja fora daqui.

Tal resposta seria suficiente, de acordo com a Palavra, desde que a ovelha fosse aconselhada a tomar medidas urgentes para evitar a aparência do mal. Realmente, o reino de Deus não perdeu, mas a igreja perdeu a ovelha, envergonhada com a questão.

A solução de casos graves naturalmente varia conforme o temperamento e o preparo espiritual das pessoas, mas eu tive as minhas faltas na maneira de tratar do assunto. Minha estratégia não foi a melhor. Tratando-se de caso tão delicado, mas apenas suspeita maliciosa da comunidade, um obreiro mais sábio, com certeza, receberia aquela ovelha para um aconselhamento e insistiria nas medidas para se banir quaisquer aparências do mal. Certamente o Senhor, o Justo Juiz, no devido tempo apagaria o próprio mal das mentes maldosas e das pessoas por elas contaminadas.

Em todos os casos, não nos esqueçamos de que a vítima é sempre a pessoa mais fragilizada e devemos esgotar todos os recursos em seu favor. Notem que o Senhor Jesus deixou claro que, mesmo quando necessário ser levada à igreja, esta ainda tenta restaurá-la antes da cirurgia.

Aqui, um conselho. Quando o pastor toma para si a tarefa de correr atrás do pecado ou suposto pecado, como eu fiz erradamente umas duas vezes nesses cinquenta anos, o reclamante comumente se acomoda, passa a considerar que o caso já foi entregue à igreja, a voz do pastor é a voz da igreja, e esta passa a saber que o pecado do irmão ou irmã  está na ordem do dia para a próxima assembléia. Com isso, costuma-se causar contenda e dissensão no rebanho, perdendo-se o ensejo de edificar a igreja e restaurar aquele que pode estar enfermo na fé, além de perdê-lo do rebanho, às vezes acompanhados de família e até de grupos. Portanto, seguir as diretrizes do Senhor continua sendo o caminho mais seguro.

Existe ainda um aspecto da disciplina muitas vezes tratado pelos líderes e igrejas de modo impróprio. É o caso de desligamento de pessoas sem tratamento prévio e até mesmo sem notificação. De certo modo, já considerei essa questão ao apresentar o texto áureo de Jesus sobre o assunto.

Aqui não estou considerando as razões que levam uma pessoa ao desligamento do rol de sua igreja. Estou apenas me referindo à necessidade de método biblicamente correto de administrar essa delicada questão. Já ouvi centenas de relatos de pessoas e familiares desgostosos e até mesmo revoltados com pastores que os desligaram ou excluíram, como se dizia antigamente, sem lhes ter antecipado uma visita, uma carta, um telefonema.

A igreja, de um modo geral, tem toda a razão de desligar as pessoas. Algumas delas estão ausentes e sem dar notícias há meses ou anos. Às vezes já estão residindo em outras cidades. Mas no momento em que recebem a notícia de sua exclusão, se decepcionam. Há casos em que ficam sabendo de seu desligamento porque a sua carta de transferência traz um lembrete surpreendente, a igreja concedeu reconciliação e carta... Por mais bela que seja a palavra reconciliação, nesse caso soa como uma bomba aos ouvidos da ovelha. É o efeito surpresa no coração de alguém que não participou do processo de sua própria exclusão ou nem mesmo foi comunicado de que estava para acontecer.

São muitos os estragos feitos nos corações dessas pessoas e familiares, quase sempre pelo resto de suas vidas. Levam também um rastro de má fama do pastor e igreja perante incontáveis outras pessoas. Ensinem suas igrejas a disciplinar. Não açoitar.

Por tudo isso, pastor amado, seja um instrumento de Deus para apagar essa tradição infame que tanto tem desonrado a igreja do Senhor Jesus e, mais uma vez, seja uma bênção.

É muito comum o obreiro passar por tempos de turbulências no decorrer de seu ministério. Os motivos podem ser diversos, mas se resumem, via de regra, em duas categorias. Uma, quando o próprio obreiro tropeça em questões de conduta moral, teológicas ou administrativas. Outra, quando pessoas entram em confronto com o líder por questões de opiniões divergentes, mesmo estando ele plenamente correto em sua conduta, funções e Teologia.

No meu caso particular, passei por períodos difíceis dessa segunda categoria.

Certa noite, numa reunião de rotina que mantinha com os diáconos, todos eles, eram oito, apresentaram uma série de doze exigências. Não me foi pedido que encaminhasse qualquer dos itens à assembléia. Por isso mesmo, apenas prometi estudar os assuntos com carinho e oração, não tomando qualquer outro compromisso com eles. Tive também o cuidado de não divulgar o conteúdo a qualquer membro do rebanho ou fora dele, mas as coisas chegaram ao conhecimento de muitos, pois pessoas me procuravam com palavras de apoio e inconformismo.

Aquelas palavras de incentivo, os visíveis resultados do trabalho, o carinho de quase toda a igreja, tudo me levou a permanecer firme naquele pastoreio. Meu silêncio sobre aquela reunião permanece até hoje, cinquenta anos depois.

Agora, o que eu teria feito, se aqueles líderes tivessem prosseguido fazendo oposição sistemática ao meu ministério, talvez formalizando suas reivindicações perante a igreja? Tomaria as mesmas atitudes que tomei, ou seja, abriria mão de algumas práticas ou métodos não essenciais à edificação do rebanho e pediria o apoio da igreja para os pontos que estivessem situados no campo da minha consciência pastoral.

Em tais situações, costuma haver a retirada de pessoas perdedoras ou insatisfeitas, o que não aconteceu, pois a graça do Senhor sempre colaborou comigo, dando-me atitudes serenas e bem firmadas na Palavra.

No tempo de Deus, deixei aquele pastoreio muito amado por todo o rebanho e pelos de fora, o que acontece até o dia de hoje, tendo ali uma cidade acolhedora, uma igreja de portas abertas e lares que nos recebem a qualquer hora do dia ou da noite, inclusive, todas as famílias daqueles amados diáconos, como também eles mesmos, enquanto ainda não tinham sido chamados à glória.

Isso prova que algumas das mais sérias oposições ao pastor não partem de ressentimentos pessoais ou desavenças, mas têm como causa a falta de treinamento cristão de lideranças ou mesmo tradições equivocadas no seio das igrejas do Senhor Jesus.

5. Encarando oposições


É muito comum o obreiro passar por tempos de turbulências no decorrer de seu ministério. Os motivos podem ser diversos, mas se resumem, via de regra, em duas categorias. Uma, quando o próprio obreiro tropeça em questões de conduta moral, teológicas ou administrativas. Outra, quando pessoas entram em confronto com o líder por questões de opiniões divergentes, mesmo estando ele plenamente correto em sua conduta, funções e Teologia.

No meu caso particular, passei por períodos difíceis dessa segunda categoria.

Certa noite, numa reunião de rotina que mantinha com os diáconos, todos eles, eram oito, apresentaram uma série de doze exigências. Não me foi pedido que encaminhasse qualquer dos itens à assembléia. Por isso mesmo, apenas prometi estudar os assuntos com carinho e oração, não tomando qualquer outro compromisso com eles. Tive também o cuidado de não divulgar o conteúdo a qualquer membro do rebanho ou fora dele, mas as coisas chegaram ao conhecimento de muitos, pois pessoas me procuravam com palavras de apoio e inconformismo.

Aquelas palavras de incentivo, os visíveis resultados do trabalho, o carinho de quase toda a igreja, tudo me levou a permanecer firme naquele pastoreio. Meu silêncio sobre aquela reunião permanece até hoje, cinquenta anos depois.

Agora, o que eu teria feito, se aqueles líderes tivessem prosseguido fazendo oposição sistemática ao meu ministério, talvez formalizando suas reivindicações perante a igreja? Tomaria as mesmas atitudes que tomei, ou seja, abriria mão de algumas práticas ou métodos não essenciais à edificação do rebanho e pediria o apoio da igreja para os pontos que estivessem situados no campo da minha consciência pastoral.

Em tais situações, costuma haver a retirada de pessoas perdedoras ou insatisfeitas, o que não aconteceu, pois a graça do Senhor sempre colaborou comigo, dando-me atitudes serenas e bem firmadas na Palavra.

No tempo de Deus, deixei aquele pastoreio muito amado por todo o rebanho e pelos de fora, o que acontece até o dia de hoje, tendo ali uma cidade acolhedora, uma igreja de portas abertas e lares que nos recebem a qualquer hora do dia ou da noite, inclusive, todas as famílias daqueles amados diáconos, como também eles mesmos, enquanto ainda não tinham sido chamados à glória.

Isso prova que algumas das mais sérias oposições ao pastor não partem de ressentimentos pessoais ou desavenças, mas têm como causa a falta de treinamento cristão de lideranças ou mesmo tradições equivocadas no seio das igrejas do Senhor Jesus.


6. Antes de fazer as malas

Como ministro de Deus, você precisa conhecer o momento certo de deixar a direção do rebanho que ele lhe confiou.

Quando as coisas não vão bem com a igreja, é necessário ter sensibilidade para ver de que lado vem a causa do impasse, se do lado da igreja, se do lado do próprio pastor. Se há um ambiente de depreciação do líder por parte de bom número de ovelhas, às vezes quanto à fluência dele como pregador, às vezes quanto aos métodos de administração dos negócios, às vezes quanto a sua ausência na visitação ou quanto a algum outro ponto fragilizado do pastoreio, então, muito provavelmente a fonte da insatisfação esteja realmente com o obreiro.

Nesse caso, o caminho a seguir, sempre debaixo de muita oração, é dar mais oportunidade para as pessoas apresentarem suas opiniões sobre como melhorar o desempenho da liderança em geral, incluindo sempre as próprias funções pastorais. Reuniões periódicas com a liderança são muito boas para esse propósito. Entrevistas pessoais também podem ser mais uma bênção em tais situações. Ao mesmo tempo, o obreiro vai tomando suas próprias medidas na direção de melhores tempos.

Nessa ocasião, o pastor deve se dedicar mais e mais no preparo de seus sermões, convidando bons pregadores para ajudá-lo nesta função essencial do seu cargo, não se esquecendo da oração, conforme Atos 6, delegando a outros parte da visitação, esmerando-se em aperfeiçoar e estudar sobre administração de igrejas.

Tudo isso vai mudando as coisas e fazendo calar as lamúrias no meio do povo. A igreja deve melhorar seu prazer em cultuar, evangelizar e realizar missões. O número de decisões por Cristo também deve voltar a crescer, tanto em função do trabalho, como em função do ambiente espiritual e fraterno cada vez mais profundo e acolhedor.

Mas, se a fonte do desânimo ou apatia da igreja está em alguma pessoa, família ou grupo insatisfeito por alguma medida mais drástica por parte do seu pastor, aí este deve primeiramente tentar uma conciliação com a parte insatisfeita, sempre com muita humildade, explicando suas razões e confessando prováveis pontos infelizes de sua atuação em determinados assuntos. Com isso, quase sempre os ânimos se acalmam e a igreja retoma seu ritmo de progresso.

Porém, se a parte reclamante não se humilhar e prosseguir fomentando críticas e queixas entre os irmãos e até entre os que são de fora, o pastor deve levar o assunto à igreja, explicando tudo quanto ocorreu antes, inclusive suas medidas na direção da pacificação cristã. A decisão da igreja deve sempre representar a vontade do Senhor para todos, pois assim ele mesmo se expressou, conforme Mateus 18.18.

Agora, se após todas essas situações aqui apresentadas, as coisas não mudarem, proporcionando um clima espiritual propício ao bom desempenho das múltiplas funções ministeriais, você deve, então, perceber que chegou o tempo de fazer as malas.

7. Ministério auxiliar e colegiado

Algumas vezes na carreira ministerial surge a oportunidade ou necessidade do pastor operar em conjunto com outros pastores e ministros auxiliares. Os casos são bem diversos, conforme a visão do pastor presidente e da igreja, recursos humanos e outros fatores.

Em se tratando do pastor ainda novo ou iniciante, parece muito conveniente que ele inicie sua carreira exercendo um pastoreio auxiliar, pois muito tem a aprender e praticar sob a orientação e conselhos de um colega mais experiente. No entanto, isso não deve ser uma regra. Eu mesmo não tive essa experiência. Aos vinte e quatro anos, como já disse, assumi a igreja mais antiga do Estado do Paraná aqui no Brasil, mal havia saído do seminário.

Entre as diversas modalidades de ministério auxiliar, podemos lembrar o pastor ou pastores auxiliares, os ministros de música e educação religiosa e o ministério colegiado.

A atuação ou funções desses obreiros também passam por certa variedade, conforme a orientação do pastor presidente, estatuto e regimento interno da igreja.

Responsabilidade, apoio e confiança mútua são segredos de todo o sucesso ministerial numa agência do reino de Deus. Estes três princípios, acompanhados de regras bem estabelecidas e até mesmo regimentais, são muito importantes nessa direção.

O ministério auxiliar de Educação Cristã e Música deve ser o de mais fácil convivência, pois se trata de funções muito específicas, quase sempre ligadas aos serviços do templo, e sem o peso do título de pastor.

O ministério do pastor auxiliar depende muito das tarefas entregues a ele pelo titular e deve ser exercido com especial amizade cristã e humildade por ambas as partes, quer se trate de um só, quer se trate de diversos pastores auxiliares. Os princípios da responsabilidade, apoio e confiança acima lembrados, são aqui de grande relevância.

Não tive experiência com o ministério colegiado, mas creio que nele diversos pastores são eleitos pela própria igreja com igualdade de apoio e remuneração. Como se espera, um deles exerce a autoridade de presidente e compartilha com os colegas as grandes funções ministeriais. Nas Escrituras Sagradas, creio que Jerusalém, Samaria, Antioquia e Éfeso sejam clássicos exemplos de ministério cristão colegiado.

Qualquer que seja a posição do obreiro no ministério compartilhado, este deve ser fruto de convencimento e chamada do Espírito Santo, de modo que cada um, titular ou auxiliar, possa exercer suas funções sem gemidos desnecessários, ou seja, trabalhar o tempo todo em condições confortáveis e sob a liderança do mesmo Espírito de Deus.

Se tais condições não são criadas ou não estão presentes no coração e no temperamento do titular e dos auxiliares, então é bom que o titular não faça convites a candidatos nem encaminhamentos à igreja. Por sua vez, no mesmo caso, é bom que o candidato não aceite o convite, uma vez que seu ministério tem tudo para ser um problema, em vez de ser uma bênção para o rebanho do Senhor.

Nas condições que estou apresentando, não haverá lugar para disputas, inveja, desconfiança, receio de perder prestígio, comentários depreciativos, colocar para reserva e tudo mais que certamente porá tudo a perder.

Princípios cristãos, bons regulamentos, clara distribuição de tarefas e ausência de mazelas pessoais, tudo apoiado na certeza da convocação do Espírito, e não será necessário temer qualquer ministério auxiliar. E tu serás uma bênção.



8. Milagres no rebanho

Milagres que acontecem no meio do rebanho não devem causar espanto. É natural que a gente receba as obras de Deus com admiração e louvor a ele mesmo, pois dele vem tudo aquilo que parece impossível aos olhos do ministro do Evangelho. Por isso, mesmo, sendo a obra do Senhor que nos convocou, jamais deve o obreiro vangloriar-se nessas ou dessas ocasiões, dando sempre ao mesmo Senhor toda honra e toda glória.

Vou contar apenas um episódio do final dos anos setenta, pelos vinte anos de ministério. Era um pastorado visitante e concomitante com outro a 350 quilômetros de distância. Minha visita àquele pequeno rebanho se dava a cada trinta dias e durava cerca de uma semana.

Foi então que um culto foi realizado em casa de um casal membro da igreja. Era um culto em ações de graça pelo primeiro aniversário do filho caçula. A casa ficava a uns oito quilômetros da sede da igreja. O pai, seu Valdir, era operário na fábrica de aguardente, única fonte de emprego daquela localidade.

Na hora aprazada, dei início ao culto e tudo parecia transcorrer sem qualquer imprevisto, quando notei que algumas pessoas saíram de perto de mim para o interior da minúscula casa. Dona Gessi havia chamado minha mãe Tilinha, diretora de ação social e minha irmã Dulce, presidente da Sociedade Feminina, muito preocupada, dizendo, o bolo que preparei não vai dar para tanta gente! Era uma multidão para aquele local. As duas amigas a tranquilizaram com estas palavras, irmã, não se preocupe. Quando o pastor encerrar o culto, você simplesmente começa a partir o bolo e deixa tudo mais nas mãos do Senhor. Ele sabe que você já fez tudo o que estava ao seu alcance.

E assim foi. Ninguém saiu daquele encontro sem ter comido seu pedaço e tomado seu copo de suco de caju!

Este relato se torna significativo aqui no Brasil, um país de tradições católicas. No catolicismo romano, o conceito de santo e milagre é algo peculiar a sua própria doutrina. Para a Igreja Católica, apenas algumas pessoas se tornam santas. Tais pessoas, sempre após a morte, por vezes depois de séculos, passam por um minucioso processo de comprovação de milagres atribuídos à mediação do candidato, ocorridos em sua vida ou após sua vida terrena. Findo todo o inquérito pelo vaticano, o papa canoniza o religioso como santo. Vê-se, então, que o mérito de santidade recai sobre o próprio homem ou mulher através de quem o milagre acontece. A interpretação evangélica não vincula a santidade a milagres. Também não atribui virtudes especiais àquele por quem milagres podem ocorrer. Nas Escrituras Sagradas, todo verdadeiro cristão é declarado santo, separado que foi para Deus, e todos são exortados a se tornarem cada vez mais santos, assim como é Santo o vosso Pai celestial.

Fatos como este que descrevi há pouco, podem surgir no pastoreio de qualquer de nós, porém devem nos manter em atitude de profunda humildade, gratidão e adoração ao supremo Criador.
9. Lutando pelo essencial

Diante de tantos desafios colocados por Deus e pelo mundo diante do ministro, a melhor coisa que ele pode fazer é decidir lutar sempre pelo essencial.

Os desafios percorrem uma vasta galeria de problemas e lutas pastorais.

Do lado do mundo, você tem o desafio da evangelização de cerca de 5 bilhões de pessoas ignorantes do plano de salvação por Cristo. O outro bilhão ou mais talvez não ignore, todo ele, o plano divino, mas ainda não possui, em grande número, uma experiência pessoal de compromisso com Jesus e salvação por Jesus.

Para descrever a situação desse mundo carente, teria que abordar a iniquidade na forma de ateísmo teórico e prático, a imoralidade, a violência em diversos matizes, inclusive doméstica física e sexual contra mulheres e crianças, a questão de sacrifícios infantis religiosos, o problema dos tóxicos, a corrupção ativa e passiva, as mudanças climáticas e desastres ambientais, as crises econômicas de nações e do globo e tantos outros desafios. Tudo isso vai se tornando tanto geradores como reflexos do desemprego, da falta de moradias, de doenças múltiplas, inclusive a depressão.

Não cabe aqui discorrer sobre todas essas questões que devemos confiar aos especialistas versados nessas mesmas áreas. Cabe a nós pastores lutarmos pelo essencial. Para nós, o essencial é a nossa própria especialidade, ou seja, evangelizar o povo e edificar o salvo em Cristo. Pastorar é também evangelizar através de um rebanho discipulado em Cristo. O nosso essencial não está em nenhuma dessas questões desse mundo confuso que acabo de caracterizar. Por isso mesmo, creio que não devemos fazer especializações acadêmicas dessas áreas nem nos envolvermos com elas além de certa conta, mas apoiarmos nossas ovelhas nessa direção sempre.

Preparemos nossas ovelhas para que ali mesmo onde atuam participem mais diretamente dessas causas sociais e profissionais. Respeitamos aqueles pastores que deixam de pastorar igrejas para dirigir centros de recuperação social, certos de que ali também um rebanho lhes foi confiado pelo Senhor. Em cada situação devemos investigar se não há um leigo para ocupar aquele posto. Se a resposta for positiva, certamente aquele não é o nosso lugar. O mesmo devemos pensar antes de nos investirmos em cursos acadêmicos, excelentes para nossas ovelhas, mas não tendo uma relação direta com o nosso ministério essencial da Palavra.

Lutarmos pelo essencial para nós pastores de ovelhas é permanecermos dentro das funções inerentes ao nosso ministério, ou seja, dentro das nossas trincheiras de combate à causa de todos os males do mundo, o pecado.

Lutarmos pelo essencial é não abraçarmos as tarefas dos membros das igrejas que lideramos, pois isso só nos traz desgastes e empobrecimento para o nosso pastoreio.

Lutarmos pelo essencial é não entrarmos em combate ostensivo contra os irmãos e colegas de outras denominações. Isso não quer dizer que estamos abrindo mão de nossas convicções doutrinárias e métodos de trabalho quase sempre verdadeiros tesouros milenares que herdamos de nossos antepassados, claramente vistos por nós no livro santo de Deus.

Vou mostrar para vocês a minha maneira de ver e lidar com irmãos doutrinariamente diferentes. No meu primeiro pastoreio, em Paranaguá, em 6 anos nunca estive presente em uma igreja de outra denominação. No entanto, quando soube que eu estava me despedindo da igreja e da cidade, o pastor Rafael Batista, da Assembléia de Deus, preparou um culto especial para dar graças a Deus pela minha vida, fazendo assim uma despedida em alto estilo, com direito à banda local e lágrimas do povo. Foi numa noite muito bela de Sábado de quase primavera de 1965.

Querem saber o segredo? Eu me lembro que amava aqueles colegas e aqueles irmãos. O Senhor me inspirava a visitar os colegas e famílias em suas horas de aflição. Não fazia o mesmo com todos por não ter conhecimento dos fatos, por estar muito envolvido com a Primeira Igreja e também para não causar qualquer impressão de proselitismo, que chamamos pescar no aquário em nosso folclore evangélico brasileiro. Outra coisa que eu costumava fazer era que, ao ouvir pessoas falando mal de irmãos de outras igrejas, eu procurava o pastor daquelas ovelhas e dizia o que estava acontecendo, sabendo que elas podiam estar sendo caluniadas e seus pastores e igrejas sofrendo injustamente na boca do povo. Eles me agradeciam. Os diversos episódios eu deixo de contar em detalhes porque não julgo ser o ponto essencial dentro dos propósitos de minhas memórias.

Por tudo isso, meus amados colegas, lutem pelo essencial de Deus para o seu ministério, como diz o apóstolo Paulo, ...que eu complete a minha carreira e o ministério que recebi do Senhor, para dar testemunho do evangelho da graça de Deus.... (Atos 20.24)


 10. Questões de consciência cristã

Certamente você e suas ovelhas estão tomando decisão a cada dia de seu ministério. Você decide sobre sua vida pessoal, sobre sua família e ainda sobre sua igreja. Agora você se utiliza de uma palavra, daqui a pouco assinando um documento legal de sua atribuição, e tudo caminha de modo tranquilo e sereno. Mas como decidir quando estamos diante de causas controvertidas no meio do rebanho e da comunidade onde se encontra a igreja?

Devemos distinguir duas diferentes situações, mas sabendo que os princípios básicos para nossa orientação devem ser os mesmos.

Em alguns casos, a questão sobre a qual se vai decidir é de membros da igreja. Você vai atuar como mediador, algumas vezes, a pedido da ovelha ou família, outras vezes, por sua própria iniciativa, ao tomar conhecimento do problema.

Em outros casos, a questão pode estar ligada ao próprio obreiro ou sua família e a solução do assunto pode também gerar conseqüências importantes no rebanho e na comunidade, além dos resultados pessoais e familiares.

Em se tratando de problemas dos outros, o pastor, constatando que a matéria se situa no campo da consciência, portanto, não encontrando direção expressa nas Escrituras Sagradas, deve desafiar sua ovelha para um período de oração e outras providências.

Deve antecipar prováveis prós e contra de cada decisão, se possível com exemplos da vida real. Se algum membro da família trouxe o problema ao pastor, este deve pedir consentimento ao interessado para tratar com a pessoa responsável pela decisão. Se trazido pelo próprio membro envolvido diretamente na questão, o pastor deve interrogar se sua família está ciente, dependendo da natureza do assunto, ou até mesmo convencê-lo e encorajá-lo a que ele mesmo ou ambos, pastor e ovelha, tratem do assunto com o apoio da família.

Normalmente tais matérias e pessoas não devem ser levadas ao conhecimento da igreja, uma vez que se trata de assuntos de consciência e a responsabilidade da decisão pertence ao individuo e não ao pastor ou igreja.

É muito provável que sejam necessários períodos bem longos de tempo até que tais questões sejam resolvidas, mas o importante é que sejam biblicamente resolvidas.

Agora, vamos admitir que o problema esteja relacionado diretamente com o pastor e sua casa. Vou dar o meu conselho com base em experiência recente do meu ministério.

Recentemente eu e minha esposa fizemos uma reforma geral em nosso apartamento. O pintor que executou o acabamento da parte social, um excelente profissional, é também um pastor pentecostal. Tenho observado que muitos pastores pentecostais exercem profissões mais simples paralelas com os encargos do pastoreio. Sua parte na obra foi de apenas três dias de serviço. No último dia, notei que ele parecia não querer dar início ao trabalho. Sabendo que eu era também um pastor, me pediu para ouvir uma questão que o preocupava muito. Dizia ele, há muito estou sentindo que devo me submeter a uma vasectomia porque minha esposa não pode fazer uma ligadura, segundo orientações médicas. A minha dificuldade está em pensar nas reações da igreja mais tarde. Como o senhor pode me ajudar a solucionar esse problema?

Respondi que em primeiro lugar devia estar plenamente certo de que se trata de uma questão de consciência individual. Devia se voltar para a Bíblia e ver que não se achava expressamente proibido por algum texto sagrado. Rapidamente procurei ajudá-lo nesse sentido, analisando textos como crescei e multiplicai-vos e os filhos são herança do Senhor.

Em seguida, aconselhei que passasse um tempo de oração com sua esposa, colocando toda a causa nas mãos do Senhor. Assim ambos ficariam seguros e tranquilos a respeito da convicção de suas consciências sobre o assunto.

Em terceiro lugar, falei da necessidade de obter de sua esposa uma promessa séria de que jamais reclamaria dele ou ficaria triste com o Senhor se algum arrependimento chegasse a sua mente em qualquer ocasião futura. Que recebessem como bênção e não como maldição. O mesmo seria com ele, mesmo em caso de morte da esposa.

Em último lugar, mostrei a conveniência de levar sua questão aos oficiais da igreja, pois ele mesmo havia dito que a cultura de seu rebanho muito provavelmente não aceitaria esse tipo de cirurgia por se tratar do corpo do homem. Consultas dessa natureza feitas após a consumação dos fatos podem trazer todos os penosos resultados que tanto tememos sobre nosso ministério. Nessa última etapa de preparação para uma decisão importante, você não deve exigir uma opinião definitiva dos seus obreiros e diáconos no mesmo momento. Isso fará que também tenham tempo de meditar e orar sobre a questão. Por certo você já pôs diante deles sua análise sobre os textos bíblicos e procurou convencê-los igualmente sobre sua real necessidade. Possivelmente você também mostrou testemunho de outros casais cristãos bem sucedidos e abençoados após experiência semelhante.

Mas o que faria você, caso os seus companheiros fossem, na maioria, ostensivamente contra o pensamento do casal? Você estaria diante de um novo dilema, atendê-los ou deixar o pastoreio. Pode ser que no seu caso seu povo continuará amando e abençoando vocês como irmãos, mas dificilmente tendo a você como seu pastor, uma vez que você não abriu mão de sua própria consciência em favor da consciência do outro.

Considere ainda que, quando você levou, com humildade, sua questão a seus auxiliares, só por isso, o Espírito Santo de Deus já pode ter aberto as portas do coração em seu favor. Provavelmente responderam com palavras como estas, não concordamos com a medida, pastor, mas se o senhor e sua esposa resolverem assim, respeitaremos sua decisão e não falaremos com outros a respeito do assunto. Essa atitude mostrará que eles também já aceitaram que sua questão é realmente uma questão de consciência.

Assim, casos como esse que acabei de tirar do ministério real podem acontecer no seu pastoreio com relação ao aborto, a eutanásia e alguns outros assuntos. Por certo você e sua igreja estarão contra o aborto, por exemplo, e jamais deve este atingir a vida pessoal do pastor. Mas seguindo aquelas normas que aqui deixei ao tratar de crises na vida das ovelhas, certamente você continuará sendo abençoado e bem sucedido em tudo quanto faz para o Mestre que nos convocou para essa tremenda obra. O mesmo acontecerá quando sua própria pessoa e sua família estiverem em jogo.

Cabe aqui uma informação atual, quentíssima, como dizem os nossos amigos da mídia. Embora a eutanásia seja crime aqui no Brasil, o Congresso brasileiro está apreciando projeto de lei que permite ao enfermo terminal recusar internação hospitalar ou uso de aparelhos que considerem mais incômodos que a própria doença. Assim confirmado, os parlamentares estão considerando essa como uma questão de consciência e não de crime.

11. Como atender suas ovelhas

Todo obreiro deve estar atento a certos problemas de relacionamento, principalmente quando se trata de um pastor. As ovelhas procuram o seu líder a qualquer momento, em qualquer lugar e de qualquer maneira. Mas cabe a ele disciplinar a si mesmo e as ovelhas sobre o modo e ocasião quanto ao seu serviço de atendimento.

Dependendo do seu estado de espírito e suas necessidades pessoais, a ovelha não está preocupada com certos riscos ao redor, conquanto que seja atendida pelo seu pastor ou líder o mais depressa possível. Em certos casos é à porta à saída do culto, em outros é um encontro casual na rua ou no coletivo, em outros, o telefone ou a internet. Quando a situação é urgente, a pessoa até se esquece do seu próprio lar, da casa do pastor e do gabinete pastoral como lugares mais indicados para conversar com seu pastor.

Cabe então ao ministro de Deus determinar a importância e urgência da questão de sua ovelha. Porém, é necessário observar certos cuidados nessa relevante área de trabalho.

Há casos em que a ovelha pode e deve ser atendida imediatamente, por exemplo, quando ela pede orações por uma enfermidade, cirurgia ou internação iminente, vestibular do filho ou filha para a faculdade, o familiar desempregado e muitos outros.

Esses casos tão pacíficos e urgentes não são tão simples quanto parecem. Quando eles se apresentam na forma como me referi, à porta do templo, é aconselhável que ele tenha sempre um assistente próximo, atento e fazendo seus apontamentos. Sua atenção em cumprimentar e despedir o auditório após todo um dispêndio de energias por sua mensagem do púlpito pode concorrer para esquecimentos, com risco de faltar a um compromisso marcado com a ovelha, trazendo desgostos para esta e desgaste para o seu pastoreio.

Agora, imagine que essa procura de atenção do pastor à porta do templo ou mesmo antes do início do culto trate de questões em que desentendimentos e desafetos estejam envolvidos. Nesses casos, não se deve dar curso ao assunto. Apenas se toma conhecimento de sua natureza e se encaminha para o gabinete. Primeiro, você ouve a parte que tomou a iniciativa de procurá-lo. Depois, se necessário, convoque também a outra parte. Pode ser que ainda terá de fazer um ou mais encontros entre elas antes de conseguir um bom resultado.

O motivo desse cuidado é que pensamentos discordantes podem esconder ânimos exaltados. Isso cria uma atmosfera espiritual desagradável, chama a atenção dos circunstantes, que vão se aglomerando ao redor e geram prós e contra para ambos os lados, além de escandalizar os visitantes que estão chegando ou saindo da casa de Deus. Eu mesmo aprendi com meu próprio erro ingênuo essa lição que não detalho aqui porque as coisas ainda estão recentes no tempo e na memória de ovelhas amadas.

Um segundo método de atendimento é o gabinete pastoral. Nessa modalidade, igualmente, alguns cuidados devem ser tomados.

Um desses cuidados é não faltar nos dias e horários previamente anunciados à igreja, sabendo-se que um gabinete vazio é sempre frustrante para a ovelha e desgastante para o obreiro. As pessoas perdem até seu dia de serviço e outros interesses para se avistar com o seu pastor. Por vezes a ovelha se esquece e falta. Mas o pastor não deve faltar e aconselha-se que traga um bom livro e nunca deixe sua bíblia de estudos para preencher o tempo de eventuais faltas de suas ovelhas. O sistema de agendamento parece bem recomendado nos dias atuais, evitando-se longas esperas por parte do povo em dias de maior moimento.

Outro cuidado é manter aberta a porta principal do prédio, além de uma parte de vidro transparente na porta da sala ou gabinete de atendimento. Por questão de segurança, em algumas cidades, talvez seja necessária a presença de um porteiro para receber e acompanhar possíveis visitantes estranhos ao rebanho. Porém, a entrada principal aberta e a porta transparente são medidas que deixam pastor e ovelhas em posição confortável, especialmente quando o pastor está recebendo pessoa de outro sexo. Se a esposa do pastor possui um tempo disponível para tanto, mesmo não remunerada pela igreja, como acontece aqui no Brasil e o pastor se sente seguro em confiar-lhe a tarefa, é muito indicado que ela esteja presente em outra sala para receber as ovelhas femininas com seus problemas íntimos próprios ou familiares que não trataria à vontade com seu pastor.

Um terceiro modo de atender as ovelhas é durante a visitação pastoral. Aqui vão alguns cuidados bem simples.

Caso o visitante esteja só, certificar-se de que o familiar não se encontra também sozinho, se for de sexo oposto. Aqui, como no caso do atendimento em gabinete, não estou falando por motivo de preconceito, mas para resguardar a ambos de tentações ou envolvimentos amorosos. Quase todo pastor é casado e um descuido pode levá-lo com sua família e igreja a grandes sofrimentos, pondo em ruína seu próprio ministério. Se for solteiro, ainda assim sofreriam pais, irmãos, igreja e ministério. Nas duas situações ainda acompanha um rasto desastroso ligado ao escândalo público e enormes prejuízos ao reino de Deus. Para garantir que cada visita será executada como prevista ou agendada, a presença da esposa, um diácono ou alguma outra pessoa idônea é sempre uma bênção.

Outro cuidado em visita pastoral é cumprir o horário previsto para não se ter que avançar no tempo. Todos têm suas ocupações e a visita deve sempre deixar um sabor de saudade e não de tédio.

Deve ainda haver o cuidado de tratar de assuntos gerais da família e não particularidades problemáticas dos familiares que constrangem e até revoltam as pessoas. Podem ser assuntos normais para quem expõe, mas não para quem sofre. Nessa situação o pastor deve ser sábio em convidar a uns e outros para uma ajuda particular no seu gabinete, dando tratamento adequado a cada pessoa.

Como a visitação pode ser agendada ou livre por parte do pastor, nesse último caso, ele deve cuidar para que suas visitas tenham frequência equilibrada, não distribuindo mais atenção a uns que outros, a não ser nos casos sabidamente justificáveis.

Em quarto lugar, lembro o atendimento por telefone e por correio eletrônico. Em ambos os casos, cuidados devem ser tomados como, por exemplo, o correto e estrito uso do tempo. Aqui cabe bem o ditado, tempo é dinheiro. Mais importante ainda é vigiar o conteúdo. No caso do telefone convencional, alguém do outro lado pode estar escutando em uma extensão e sabendo de conselhos que o pastor julga estar transmitindo em caráter confidencial. Estando na internet a privacidade fica ainda mais comprometida. Em ambos os casos, como na visitação, procure tratar de assuntos amenos, podendo até mesmo brincar, principalmente quando navegando com suas ovelhas, mas deixe assuntos sigilosos para o seu gabinete ou algum outro lugar de segurança favorável para todos.

Em quinto e último lugar, apenas lembro o cuidado com o sigilo, uma vez que acima já deixei claro esse direito sagrado que todos nós possuímos. Procurei falar do respeito que todos merecem quando estamos atendendo as pessoas. Agora estou lembrando que após o atendimento esse direito deve continuar sendo preservado. Divulgar os problemas que nos são trazidos em particular é trair e perder a confiança do nosso consulente. Aqui, como em tantos outros casos, pessoas são entristecidas e prejudicadas e o nosso ministério pode até chegar à ruína. Ainda uma coisa importantíssima. Quando convicto de que outras pessoas ou a igreja devem tomar conhecimento de algo particular da ovelha, convença a ela a respeito disso e consiga uma autorização para tanto, seja para se comunicar com o cônjuge, o filho, o irmão, o amigo, o patrão ou a igreja.

Seguindo essas normas e cuidados que acabo de expor, seu pastoreio será cada vez mais respeitado pelas ovelhas e pelos de fora e seu ministério cada vez mais abençoado e frutífero para o reino eterno.


 12. Autoridades da igreja e do Reino

Qualquer pastoreio ou ministério bem sucedido passa necessariamente pela compreensão do pastor e da igreja sobre a questão da autoridade. Exemplos bem negativos a respeito do assunto no meu ministério estão bem recentes. Por esta razão eu não devo relatá-los aqui, pois, mesmo omitindo nomes, os fatos por si me colocariam numa posição desconfortável. Assim sendo, passo a oferecer apenas em tese meus conselhos nesta área tão significativa do ministério pastoral.

Começo apresentando quais são as autoridades que o povo de Deus encontra na sua igreja e no reino celeste, a partir do momento de sua conversão. Em se tratando de familiares e freqüentadores assíduos e sem experiência de salvação, podemos dizer que eles já devem possuir alguma parcela de conhecimento do assunto, mesmo não exercendo nem se sentindo subordinados a tais autoridades.

Em primeiro lugar, lembro a existência real e bíblica da autoridade divina. A autoridade do Pai por todo o Antigo Testamento, passando pelo ministério terreno de Jesus e do Espírito Santo em todo o Novo Testamento é alguma coisa fora de qualquer questionamento. Sabemos que a triunidade está presente em todo o livro sagrado, como provam expressões como façamos o homem, o Espírito do Senhor Deus está sobre mim, pois me ungiu..., faço tudo quanto meu Pai me ordenou, toda a autoridade me foi dada, separai a Barnabé e a Paulo... Deus é a autoridade maior e suprema em sua igreja e no seu reino eterno. Isso está evidente na história real das igrejas do Novo Testamento e nos séculos futuros.

A autoridade que lembro, em segundo lugar, é a própria igreja. Esta é a autoridade delegada como organização humana, ou seja, a igreja, mesmo ainda embrionária. Tudo o que ligardes na terra terá sido ligado no céu... Cabe às igrejas obedecerem plenamente a autoridade suprema de Deus e exercerem fielmente a autoridade que dele receberam. O pastor deve se esforçar continuamente por levar suas ovelhas a reconhecerem essa autoridade no dia a dia da igreja que lidera.

Em terceiro lugar devemos nos lembrar da autoridade funcional das pessoas da igreja. Esta é aquela autoridade delegada por Deus a seus filhos, devendo contar com o mais fraterno e respeitoso reconhecimento de toda a igreja. Nesta área estão os ministros convocados pelo divino Espírito e os membros delegados por eles ou eleitos diretamente por sua igreja para as mais variadas atribuições.

Essas três autoridades nunca estão em conflito, mas, pelo contrário, são sempre harmônicas. Do mesmo modo, todos os poderes pertinentes a elas são harmônicos.  

Muito importante também é saber que toda autoridade espiritual é delegada. Até o Pai delegou sua autoridade ao Filho, como citamos acima. Assim sendo, todos os obreiros de Deus exercem e trabalham sob autoridade. O resultado natural dessa compreensão é que eles tendem a ser tanto humildes como respeitosos no exercício de suas funções e suas igrejas, como o reino de Deus em geral, obtêm grandes lucros espirituais.

Ao lado do quebrantamento ou de uma vida espiritual autêntica de seus membros, este é um grande segredo de um pastoreio bem sucedido. Portanto, o pastor deve tudo fazer para que sua igreja conheça e administre bem a questão da autoridade. Esse abençoado exercício passa por saber a igreja distinguir essas três autoridades na própria vida eclesiástica. Assim fazendo, grandes conflitos serão evitados e sérias questões serão bem solucionadas.    

Vale a pena lembrar o que disse Watchman Nee em 1948 na China, O lugar onde entramos em contacto com a autoridade é o corpo. A cabeça, a fonte da autoridade, e os membros, cada um com a sua função, ministrando mutuamente como autoridade delegada e obedecendo a autoridade, encontram-se na igreja. Se fracassarmos em reconhecer a autoridade aqui, não haverá saída. (Autoridade Espiritual, São Paulo, Editora Vida, 2007)

13. Reconhecendo os novos irmãos

Tenho visto que muitas ovelhas desistem de pertencer a uma igreja porque não foram de algum modo reconhecidas ou apresentadas perante a sua nova congregação. Parece que alguns pastores deixam as coisas acontecer por si mesmas, supondo que pouco a pouco o novo membro se tornaria conhecido, não necessitando de qualquer apresentação formal num momento de culto.

A maneira como esse expediente é realizado depende do feitio pessoal do pastor e também do método de admissão da igreja.

Em primeiro lugar, devemos considerar o valor da apresentação de um visitante. São diversas as razões para isso, começando pelo fato de que todo visitante pode ser um membro em potencial da comunidade, seja ele um cristão, um amigo ou mesmo um inimigo.

Se não crente, pode se converter e desejar ser batizado e discipulado pela igreja. Se cristão, pode ser um recém-chegado à cidade ou estar fazendo planos nessa direção e por isso mesmo quer conhecer melhor a igreja com vistas a sua filiação.

Muitos têm testemunhado do valor de uma amável recepção já ao chegar à porta do templo ou ainda antes no pátio do estacionamento. Segue-se outro momento importante que é o encaminhamento de introdutores também amáveis até os lugares disponíveis, evitando constrangimentos por parte de quem não conhece bem o ambiente.

Enquanto pensamos em visitantes, um dos métodos de recebê-los é pedir que eles mesmos se apresentem, declinando sucintamente seu nome, igreja e cidade. O pastor costuma se valer da ocasião para enviar uma saudação à igreja e seu pastor. Além disso, algumas igrejas deixam nos bancos ou entregam cartões que o visitante preenche com dados que facilitem um telefonema, um e-mail ou uma visita. Esse contacto costuma ser feito por irmãos previamente designados para tal fim, com a vantagem de mais calor humano, em vez de um frio recolocar do cartão no recosto do banco da frente.

Vale lembrar que há igrejas e pastores que adotam métodos bem diferentes .Uma ovelha me contou, assisti a um culto aqui no Rio de Janeiro, onde o pastor a ninguém apresentou em todo o período, e ao final, todos seguiram para o salão social e ali cada membro apresentou seu convidado, enquanto tomavam um fraterno chá. Fiquei maravilhada porque esse era o culto de meus sonhos, onde nada deve competir com Deus pela honra que só a Deus pertence. Nesse sentido, faço algumas observações que também fiz na ocasião. A apresentação de irmãos e amigos no culto não é uma homenagem, mas sim o reconhecimento da presença de uma criatura do mesmo Deus a quem estamos honrando. Além disso, podemos hoje afirmar que essa rigidez foi praticada nas igrejas do primeiro século? As saudações das cartas apostólicas parecem nos sugerir algo diferente. Ainda pergunto. Podemos afirmar que todos os visitantes ficarão após o culto para o momento fraterno da igreja?

Quero lembrá-lo, amado colega, de que são numerosos os testemunhos de pessoas queixosas com igrejas e pastores que não as reconheceram quando da sua primeira visita à casa do Senhor. Quantos, frustrados com a indiferença, não voltaram àquela, e, o que é mais triste, nem a qualquer outra congregação evangélica! Na verdade, uns dizem, vamos procurar outro rebanho. Porém, outros testemunham, são todos a mesma coisa, vamos cultuar a Deus sozinhos em casa!

Mesmo com todos esses métodos funcionando perfeitamente bem, creio que você como pastor deve ensinar e encorajar suas ovelhas para cumprimentar voluntariamente os visitantes. Que não esperem o dirigente do culto pedir um cântico ou dar um tempo para essa fraternidade. Creio que o resultado será sempre bem mais efetivo e duradouro. Essa prática deve acontecer antes e após o culto, sem prejuízo à adoração ao Senhor. 

Em segundo lugar, pensemos um pouco naquele irmão que está chegando como novo membro da igreja. Aqui são diversos os casos, variando de igreja para igreja. Em nossa experiência eclesiástica, as pessoas são recebidas por batismo, reconciliação, carta de transferência, e, em casos especiais, aclamação ou declaração de fé.

Qualquer que seja o modo de admissão do novo membro, este sempre espera que seu pastor o apresente publicamente à igreja. Esse reconhecimento é significativo para ele. No caso particular das igrejas batistas, ele já foi reconhecido oficialmente em uma assembléia geral, cujo quorum varia conforme o estatuto de cada igreja, mas quase sempre inferior ao comparecimento de seus membros num dia de culto inspirativo. Daí, a importância dessa apresentação fraternal.

A igreja onde conheci e recebi a Jesus, aos 13 anos de idade, em 7 de Novembro de 1948 e fui batizado em 12 de Julho de 1949, atualmente, quando alguém faz sua decisão por Cristo, toda a igreja se levanta e vai à frente para cumprimentar o novo irmão ou irmã. Na cerimônia de batismo, o candidato entra nas águas com sua esposa e filhos, se estes familiares também estiverem sendo batizados, e a cada um deles é dada a liberdade de dar um breve testemunho daquele momento em sua vida. Após o culto, toda a igreja cumprimenta os recém-batizados, enfileirados à porta.

No meu caso pessoal, além da mensagem e da recepção, eu dirigia palavras de bem-vindos aos novos irmãos, recebidos por batismo ou por outros meios, dizendo à igreja e a eles que agora passam a ter os mesmos direitos de todos os demais membros, contanto que cumpram as condições comuns a toda a igreja. É uma palavra dirigida mais à igreja que a eles, uma vez que já foram instruídos sobre o assunto durante o curso dos novos. Nesse dia, deve-se ainda entregar os novos aos cuidados de irmãos ou grupos de apoio especial.


 14. Conheça o estado de suas ovelhas

Esta é mais uma importantíssima recomendação bíblica. Antigo testamentária, é verdade, mas totalmente exemplificada no Novo Testamento, em especial, no santo ministério do Senhor Jesus. A figura do bom Pastor e suas ovelhas nos mostra a dimensão da nossa missão principal. Talvez esteja exatamente aqui o campo de atuação onde as maiores falhas e frustrações acontecem em nosso trabalho. É impossível saber das conseqüências negativas na vida das igrejas e no reino, advindas de ovelhas com feridas mal tratadas ou descuradas. Cicatrizes estão expostas por toda parte na alma de quem não recebeu um bom socorro na hora em que mais necessitaram de seu pastor.

É certo que as ovelhas, talvez na maior parte dos casos, também cometem suas falhas, às vezes pelo silêncio com suas dores, às vezes por recados de socorro que não chegaram a tempo, às vezes por amenizar um problema que era mais urgente e mais grave do que a ovelha quis mostrar ao seu pastor, irmão ou diácono. De qualquer modo, você tem que ficar bem alerta para abençoar seu irmão o mais pronto e eficientemente possível.

Hoje mesmo, 16 de Setembro de 2010, aguardava com minha esposa a liberação do nosso carro de um reparo eletrônico, em uma multinacional. O executivo que me atendia me contou, recentemente, sofri muito com minha filhinha de dois anos, à porta da morte em um hospital. O pastor da igreja que eu frequentava não me fez sequer uma chamada telefônica para saber da situação da menina. Terminou dizendo como, sozinho, buscou o socorro dos céus e como o milagre aconteceu no mesmo dia de sua angustiosa súplica. Não perdeu a filha, mas a igreja perdeu o membro que continua sendo uma ovelha ferida. Não conheço o outro lado da questão, mas uma coisa é certa, algo muito importante falhou.

Mais um caso. No último Domingo, 12 de Setembro de 2010, em reunião de família, comemorando os 94 anos de uma tia muito querida, comentando um pouco destas minhas memórias, um primo me disse, nós, esotéricos, não temos as figuras de pastores e ovelhas. Com a gente, cada um tem que estar preparado para viver por si mesmo. Respondi que a figura do Pastor é muito bíblica, tão bem ilustrada na Palestina, na vida e ofício de Jesus.

Talvez essa história fosse bem diferente, não fosse ele também um coração ferido. Havia me contado de sua longa e profunda amizade com o pastor de sua esposa, hoje falecida. Certa época, mudaram-se para outra região do Brasil. Quando pediu sua transferência para a igreja que frequentava, recebeu a notícia de que havia sido desligada de sua igreja de origem. A decepção foi tanta que ela terminou seus dias aqui sem pertencer a qualquer igreja.

Poço imaginar que na carta havia também uma boa notícia, esta é também sua carta de reconciliação. Mas a palavra desligada ou excluída havia ferido profundamente sua alma. Cada igreja tem seus métodos de cuidar dos ausentes. Talvez aquela minha prima tenha sido desligada coletivamente com outras pessoas que estavam ausentes por determinado tempo. Mas temos que tudo fazer para que isso não aconteça antes de muito cuidado fraterno e comunicação.

Nos meus pastoreios também tive falhas e arrependimentos. Lembro-me quando uma ovelha em potencial ligou para mim pedindo para estar em sua casa e orar por uma filhinha que apresentava pequenas erupções pelo corpo. Estava eu em convalescência de uma rigorosa labirintite, caminhar ainda era muito penoso, e era noite. Pensei, é uma coisa tão pequena e um médico vai resolver isso muito bem. Então orei aqui mesmo onde hoje estou escrevendo este capítulo. Ao desligar o telefone, mudei logo minha roupa e parti de ônibus para aquela casa. Ainda não tinha voltado a dirigir nosso carro. Fiz aquilo muito mais pela mãe aflita que pela criança. Hoje, casal e filhos estão todos na mesma igreja, batizados e integrados. Um arrependimento ocorrido a tempo, que deu frutos preciosos. Mas, quantos pastores, inclusive eu, já cometemos pequenos enganos dos quais nem mesmo nos lembramos? E que dizer dos casos mais graves? Aliás, o que chamamos pequenas, podem ser grandes falhas para quem está sofrendo, com ou sem razão.

E por falar de casos mais graves, sempre me lembro do Pastor João Filson Soren, ex-presidente da Aliança Batista Mundial, meu Professor de Teologia Contemporânea. Ensinava também, se não me falha a memória, na cadeira de Teologia Pastoral. Posso ter me esquecido de todas as suas palavras proferidas durante aquele ano, 1959. Mas guardei um conselho do capítulo intitulado assistência pastoral in extremis. Aqui está, ao receber uma notícia in extremis, saia imediatamente ao encontro da ovelha ferida.

Conhecer o estado de nossas ovelhas é algo muito abrangente. O estado físico parece ser aquele que mais frequentemente chega aos ouvidos de um pastor. Mas não podemos nos esquecer do seu estado econômico-financeiro, de conflitos conjugais e familiares, no trabalho, colégio ou vizinhança, do desemprego e tantos outros. E o mais importante, por trás de tudo, veja o estado emocional e espiritual da ovelha que sofre. Nosso papel em tais situações é o de instrumentos de Deus para levar ovelhas a reencontrar a alegria de sua salvação, dando glórias ao seu Deus e se tornando melhores filhos do nosso Pai celeste.

Conheça o estado de suas ovelhas! Algo de muita significação para o seu pastoreio, amado, e para o reino de Deus! (Prov. 27.23)

15. Comprando, vendendo, edificando

Aqui está uma área da vida pastoral muitas vezes inevitável. Como todas as outras áreas, esta igualmente pode ser uma grande bênção ou um grande problema para o pastor, para o rebanho ou para ambos.

Quando surge a necessidade de construção de um novo templo, espaço para Educação Cristã, lazer, casa pastoral ou algum outro, o pastor deve tomar certos cuidados.

Nessa fase inicial de convencimento, pense humildemente no alcance de sua influência em assuntos dessa natureza. Sobretudo se você ainda é novo no seu pastoreio, procure conversar com algum provável conhecido formador de opinião e tente ganhá-lo para o projeto que o Senhor colocou em seu coração de pastor. Faça isso antes de qualquer propagação pública ou particular. Você sabe, quando o líder fala, até as paredes têm ouvidos.

Seu silêncio de pastor é importante, até que outro líder seja seu aliado naquela causa, quer seja ele especializado ou não em questões de patrimônio físico. Não tenha medo de perder prestígio. A escolha de bons aliados será creditada a você e seu aliado certamente vai ajudá-lo em muitos outros projetos.

Provavelmente a igreja tenha que começar por adquirir uma nova área de terra. Nesse caso, tal necessidade deve ser confirmada com a ajuda de pessoas habilitadas. Se a área é própria, faça o mesmo em relação à nova construção.

Em seguida, coloque o assunto diante da liderança para que esta ajude o pastor a fazer do assunto um alvo de toda a comunidade, pois é esta que vai manter financeiramente o custeio da compra e é muito bom que o faça com alegria e fidelidade até o fim.

Na escolha da área deve haver estudos técnicos bem elaborados como preço, facilidade de acesso do povo, permissão dos poderes públicos para construções de templos no local, se a área cogitada comporta mais uma igreja evangélica ou da mesma denominação, entre outros levantamentos.

Resolvida a questão do espaço, deve-se começar a preparação do projeto de obras propriamente dito. Aqui também deve haver primeiro a preparação do rebanho, obtendo-se em primeiro lugar o apoio da liderança, e por esta, também do rebanho, pelos mesmos motivos que apresentei acima. 

Enquanto se faz esse trabalho de motivação do povo, estudos técnicos devem igualmente ser feitos para se saber que tipo de projeto é mais conveniente para a época. 

Na elaboração desse projeto, é necessário que todos estejam cientes da abrangência do ministério da igreja. Tem ou pretende ter o ministério da Ação Social ou do Multiministério? Que campos de ação social a comunidade local mais solicita? Qual o percentual não evangélico, ou seja, o potencial evangelístico da cidade ou bairro?

Terminada a fase dessa preparação interna e desses estudos, o líder passa a orientar os estudos do próprio projeto. Primeiramente definir a obra a longo prazo, de acordo com os estudos feitos. Aqui, já deve entrar em ação o trabalho de um profissional autorizado, da própria igreja ou de fora, que também passa a conhecer as demandas previamente estudadas. Nessa fase, o profissional apresenta ao líder um rascunho detalhado do que será a planta definitiva. Além da planta principal, apresenta uma elétrica, não esquecendo passagens de som, uma hidráulica, uma de segurança contra fogo, lembrando que as saídas de emergência já fazem parte da estrutural.

A planta acústica igualmente se incorpora à estrutural, com uma boa diferença. Muito provavelmente o Engenheiro de sua cidade não tem especialidade nesse campo da Física. Daí a necessidade de se procurar um profissional da área e passar o seu trabalho para o Engenheiro responsável, ou contratar aquele para todo o projeto, sendo ele credenciado. Na primeira opção, um prático de habilidade comprovada pode ser usado, uma vez que acústica de templo, é de grande valor para a igreja, mas não faz parte das exigências legais. Iluminação e ventilação devem ser verificadas, são de natureza legal e também já estão embutidos na planta principal

Agora o pastor apresenta esse rascunho aos lideres, sugerindo e recebendo sugestões de possíveis modificações. Daí, leva também esse anteprojeto a toda a congregação, quando, é possível, sofra ainda alguma adaptação convincente, antes de sua aprovação final pela assembléia.

Na mesma fase do parágrafo acima ou numa ocasião posterior, o pastor apresenta o estudo prévio das etapas de construção a curto, médio e longo prazo, seguindo o mesmo critério de apresentação aos lideres ou conselho administrativo antes da assembléia geral. As condições econômico-financeiras da igreja e, mais ainda, a motivação do povo, certamente serão os fatores determinantes nessa projeção de prazos e etapas.

O projeto global de obras traz diversas vantagens. Entre elas, a motivação oferecida por uma maquete ao rebanho e evitar que se construam unidades aleatórias sujeitas a demolições e prejuízos futuros. O projeto global não impede que pequenas unidades sejam edificadas paulatinamente.

Meus últimos conselhos neste assunto estão na minha própria experiência. Primeiro, que nada você realize sem a vontade e aprovação oficial da grande maioria do rebanho, se possível a unanimidade. Segundo, que você e sua diretoria não assumam qualquer compromisso financeiro sem aprovação prévia de sua assembléia. Você pode legalmente fazer isso, mas os resultados podem ser desastrosos para o seu ministério. Todos os Estatutos que conheço trazem este Artigo, os membros não respondem subsidiariamente pelas obrigações contraídas pela igreja, nem  esta responde pelos seus membros...

 Apesar dessa defesa, o rebanho sempre teme ver o nome de sua igreja em risco perante a sociedade. Além disso, não se pode desconhecer a satisfação que sente o contribuinte de uma causa ao exercer o direito de decidir tanto no seu planejamento, como no seu sustento e execução.

Com respeito a risco, na fase de aquisição de área, verificar sempre em cartório se a propriedade pertence realmente àquele que a põe à venda. Não deve haver pendências legais com herdeiros, meio ambiente e outras.

Finalmente, no caso da igreja ou associação vender alguma de suas propriedades, além dos cuidados sobre a conveniência da alienação e da participação democrática do rebanho, havendo promissórias ou cheques no pagamento, estes devem ser vinculados ao documento em cartório, pois ali está o único recurso legal de reaver o bem em caso de não cumprimento das obrigações.

Este capítulo possui um leque de variações de igreja para igreja e de denominação para denominação. Contudo, creio que de algum modo ele será importante em seu ministério ou de quem você possa ajudar.

Tudo isso, amado, pode parecer complexo e trabalhoso, mas os resultados serão sempre surpreendentes para você, o rebanho e a causa. Você pode não ser um expert em construções, mas um dia, ao contemplar as obras que você sabiamente presidiu, dirão, vejam estas obras e saberão quem foi o homem.


 16. Presidindo o parlamento cristão

Agora vou tratar de um assunto no qual você muito possivelmente também não seja um perito. Presidir assembléias. Um parlamento bem dirigido é garantia de sucesso na solução de pequenas ou grandes questões e ainda suporte para conservação de um convívio fraternal abençoado.

Como em diversos outros capítulos, esta área do nosso ministério é bem variável e mais significativa para algumas igrejas e denominações.

O modelo bíblico, talvez o mais clássico, está na assembléia geral da igreja de Jerusalém, presidida por Tiago.

Alguns passos e princípios devem nortear o pastor como presidente de uma assembléia cristã democrática.

Em primeiro lugar, faz-se necessário o pastor saber distinguir a natureza de cada assunto que lhe ocorre à mente ou lhe chega através de sua congregação. Essa prática é de enorme valor no trabalho pastoral, poupando muito tempo e evitando desgastes supérfluos. Com esse conhecimento, o obreiro só escreve em sua pauta de reuniões e assembléias os assuntos específicos dessa natureza. Tudo aquilo que compete ao pastor resolver, será resolvido por sua autoridade pessoal ou encaminhado a outrem.

Em segundo lugar, o pastor que preside assembléias deve possuir uma agenda bem organizada, onde os assuntos de solução parlamentar são arrolados na ordem cronológica em que surgiram. Essa ordem pode ser modificada, num primeiro momento em reunião de obreiros ou conselho administrativo e finalmente, pela própria assembléia. Como acontece no parlamento brasileiro, a ordem da pauta é atribuição do presidente, mas este costuma compartilhar esse direito com os demais líderes. O fator prioridade é que norteia essa questão, pois, numa reunião ou assembléia nem sempre há tempo para se discutir ou votar toda a matéria da agenda. Não é demais lembrar aqui o cuidado de garantir um ou mais aliados formadores de opinião bem aceitos pelo povo, antes de qualquer reunião para tratar ou decidir sobre projetos de grande importância ou maiores investimentos.

Em terceiro lugar, devem-se tomar certos cuidados com a preparação do ambiente para a assembléia. O presidente e o secretário, bem como os vices, devem ocupar lugar bem visível à mesa. Há pastores que preferem se colocar de pé no púlpito durante as assembléias. Esses primeiros ou segundos vice-presidentes e secretários devem ter suas funções indicadas antes do início dos trabalhos. É importante também a visibilidade e acústica dos oradores. Estes devem estar munidos de bons microfones evitando falar atrás de colunas e outros obstáculos, quando o ambiente não possui acústica natural. Outra preparação preliminar às assembléias é a nomeação de escrutinadores para contar votos de aclamação, distribuir e contar cédulas quando a votação for por escrutínio secreto.

Por fim, o presidente necessita possuir um bom domínio de regras parlamentares. Por isso mesmo, deixo aqui algumas das mais relevantes, que se acham incorporadas ao regimento interno do meu último rebanho, obedecendo também a preceito do estatuto da mesma igreja.

O direito a palavra e voto nas assembléias subordina-se a regras parlamentares universalmente praticadas...

a) propostas só devem ser discutidas havendo conteúdo claro e apoio do plenário.

b) propostas vencidas ensejam direito a declaração de voto em ata.

c) propostas modificadoras como emendas, supressivas, aditivas, substitutivas e outras, entram em imediata discussão, sendo votadas na ordem inversa de sua apresentação, a partir da última delas, até chegar à original.

d) propostas de encerramento de discussão devem definir se serão respeitados os oradores inscritos, sendo votadas imediatamente.

e) propostas de por sobre a mesa, limitação ou prorrogação de tempo para a assembléia, matéria ou os oradores, também serão votadas imediatamente.

f) propostas de reconsideração de matéria, mesmo quando aceitas pelo plenário, não serão apreciadas na mesma sessão em que foi aprovada a matéria a que se referem.

g) palavra solicitada pela ordem deve ser concedida imediatamente.

h) oradores receberão a palavra pela ordem de inscrição, abordando exclusivamente o assunto da proposta em discussão.

i) suspensão de sessão é prerrogativa do presidente e deve ter motivo especial e claramente comunicado ao plenário.

j) voto de desempate ou Minerva é igualmente direito do presidente.

Observação: O sentido de Assembléia neste e em outros capítulos destas minhas memórias é de reunião regular ou extraordinária convocada para se tratar de determinada pauta, podendo se desdobrar em várias sessões.

17. Treinando leigos

Neste capítulo vou tratar de um verdadeiro segredo de sucesso ministerial. O preparo de pessoas que possam servir a causa de Deus, auxiliando o pastor nas diversas funções que exercem. Já lembrei em algum lugar deste livro que o ministério pastoral no Brasil ainda é, na grande maioria, multifacetado, polivalente, talvez pelo fato de que as igrejas têm poucos recursos para eleger pastores auxiliares ou ministério colegiado. Daí, a grande importância do pastor se acercar de bons companheiros leigos da própria igreja, de modo que não tenha de se desgastar a ponto de empobrecer sua pregação, visitas e oração.

Antes de entrar no âmago desse poderoso investimento pastoral, quero lembrar aos companheiros que a palavra leigo deve ser usada com certo carinho. Por exemplo, o pastor pode ser mais leigo que uma ovelha sua no campo de administração de empresas. O mesmo com relação a um professor formado em pedagogia, direito, medicina ou engenharia. Leigo, então, é mais uma referência aos não licenciados em Teologia e Administração de Igrejas e, por extensão, aos não ordenados para o Ministério da Palavra.

Outra observação relevante é que as pessoas trabalham com muito mais prazer e melhor desempenho quando recebem tarefas consoantes com seus dons naturais e espirituais. Todo esforço e investimento do pastor nessa direção será sempre bem recompensado no pastoreio, na comunidade cristã e no reino do nosso amado Senhor. Como base para o aproveitamento leigo no nosso ministério está uma constante abordagem do tema dons, tanto para a igreja como para grupos de estudos bíblicos.

A primeira área que considero nesta preocupação pastoral é a administrativa. Os diáconos podem ter um papel relevante neste setor, independentemente de seus cargos eletivos, onde costumam atuar como conselheiros financeiros, diretores de patrimônio e outros, além de suas funções convencionais de cuidar das chamadas mesas da igreja. Porém, há sempre uma gama de outros irmãos com talentos e tempo disponível para diversas tarefas durante a semana, em férias ou mesmo aposentados.

Muito próximo aos setores administrativos estão as funções ligadas ao Multiministério ou Ação Social da igreja. Já me referi a esse ministério, ao tratar de novas edificações. O treinamento dos leigos aqui é sumamente importante, não só por estar aliviando o fardo pastoral, mas por se tratar de serviços algumas vezes muito delicados, como educar ou guardar crianças da comunidade, formar profissionais para a sociedade e ao mesmo tempo competir com ela lançando produtos no mercado, fazendo exposições de obras de arte e outras aventuras bem arriscadas para o testemunho cristão.

No ultimo Regimento Interno que redigi, consta um capítulo sobre Ação Social da igreja, que não transcrevo, mas fica ao dispor dos colegas.

Outra área onde o pastor precisa investir bastante no leigo é o ensino ou educação cristã. O ensino é tão importante no nosso ministério como o foi para nosso Mestre, pois, fica até difícil para nós hoje distinguir entre seu ensino e a pregação. Parece que Jesus pregava ensinando e ensinava pregando. Modernamente, podemos dizer que o ensino lança mão de mais recursos pedagógicos e se alimenta do diálogo constante. Você deve passar ao professor leigo o melhor conhecimento possível da Palavra, sobretudo sua experiência com os textos ensinados, encorajamento na humildade para que possam receber sem temor perguntas dos alunos, uma boa gama de recursos pedagógicos, bom manejo em dinâmicas de grupos e pedir sempre que ponham muita atenção aos problemas pessoais e familiares de seus alunos.

Por fim, lembremos do campo da pregação. Costumo dizer aos pastores mais novos que o único perigo de treinarmos leigos nesta área é pregarem eles melhor que nós mesmos. Se isso é um desafio, pode ser também uma bênção. Se formos sábios, procuraremos pregar cada vez melhor que as ovelhas e daremos cada vez mais oportunidade para que elas cresçam e ajudem a edificar o rebanho. Não importa se somos Pedro, Paulo ou Apolo nessa gloriosa tarefa. Importa é a edificação do povo de Deus. Entre os recursos que temos para os leigos nessa área, estão os cursos de homilética e regras básicas de hermenêutica, envio deles para missões externas e testemunhos em praça pública, não se esquecendo do nosso púlpito para os que forem sendo considerados capazes.

Felizes serão os pastores que aprenderam com Getro e mais ainda com Jesus a dividir suas pesadas cargas com seus companheiros de obra, de fé e teologia, sem qualquer receio de perder prestígio, honra ou autoridade, pois tudo isso vem do alto e não será tirado por semelhantes humanos.


 18. Família de pastor

Sem dúvida este é o mais importante ponto de apoio ao ministério pastoral. Abro aqui um parêntesis para lembrar que há excelentes profetas de Deus que não possuem uma esposa e filhos para compartilhar vida e trabalho de ministros. Em alguns casos, ainda se encontram solteiros. Em outros, o casamento não faz parte de seus planos de vida. É uma questão de dom e consciência que não vou aprofundar aqui. Apenas direi que em I Timóteo 3.2, Paulo está enfatizando a necessidade do pastor de ter sua vida familiar consolidada na monogamia, sendo este o único plano conjugal reconhecido pelo Pai celeste. O apóstolo não estaria falando da obrigatoriedade do casamento para o bispo, ou seja, para o pastor.

No que diz respeito à esposa do pastor, ela deve se sentir chamada por Deus para auxiliar o marido como o esposo se sente chamado para o ministério da Palavra. Ela deve reconhecer o seu papel de auxiliar e não se julgar uma líder paralela. Deve se colocar diante dele, conforme o Senhor ordenou, e não adiante dele, como algumas têm feito, causando grandes males ao ministério de seus maridos. Mesmo o diante dele não é uma posição de igualdade funcional, mas social. Nessa compreensão, a mulher reconhece sua função de ajudadora, assistente, na vida comum e nas tarefas profissionais.

Seguindo esse mesmo raciocínio, o pastor precisa também conceder sempre à esposa o lugar que ela merece. No seu íntimo, em declaração a ela e ainda em público. Ela se sente bem ao ser reconhecida ou elogiada pelo que realiza e como realiza ao lado do esposo. A igreja, igualmente, se sente feliz nessa atitude, especialmente as mulheres, talvez porque isso transmite a elas a confiança de que também serão apreciadas por seus esposos.

 Aqui deixo um conselho. Se você ainda não foi consagrado ou ainda não entrou no exercício do ministério pastoral e não está seguro a respeito de uma esposa auxiliar em moldes bíblicos, é melhor não entrar nesta causa. Veja bem antes de se casar e, se casado, antes de ser consagrado. Uma esposa caminhando à frente vai gerar duplicidade de comando e sua autoridade de pastor não se sustenta em nenhuma igreja. É melhor não obter um pastoreio a tê-lo frustrado. Nesse terreno é difícil pensar em meio termo. Ou sua esposa será uma bênção ou será um grande embaraço.

Em relação aos filhos, poço repetir as primeiras palavras que disse a respeito da esposa. O pastor, além de muito amor, deve corrigi-los com o mesmo carinho, não se esquecendo de ressaltar seus talentos e ações positivas, estas últimas, em particular e em público. É muito importante também que o pai dedique o maior tempo possível aos filhos, e, quando adolescentes, se esmerem em construir com eles seu ambiente social cristão.

Com isso, você estará preparando caminho para construção de lares igualmente abençoados e duradouros para eles, conforme as promessas do Senhor.

Ao lado de tudo que eu disse até aqui, é muito importante uma vida devocional bem cuidada no seio da família do pastor. Primeiro, comunhão pessoal do pastor com o seu Deus, sabendo-se que nada pode substituir aqueles minutos sagrados de oração e leitura devocional da bíblia. Ao mesmo tempo, a devoção do casal. Além de todo o bem desses momentos na vida dos cônjuges, a comunhão a dois tem na Palavra um lugar de destaque, especialmente nas orações respondidas, o que significa alegria para o coração do Pai. Igualmente importante é a comunhão em família, chamemos culto doméstico, hora bendita ou como quer que seja. Esses três momentos de devoção diária são insubstituíveis até mesmo por outras modalidades de devoção cristã. Cada um tem seu próprio lugar e move os céus, trazendo bênçãos infinitas à vida, família e ministério do pastor.

19. A palavra do pastor

Ninguém pode, de sã consciência, ignorar o valor da palavra. Nas melhores e mais antigas tradições tanto judaicas como cristãs e de outras culturas, a palavra chega a se confundir com a pessoa que a pronuncia, ou seja, com o seu nome ou caráter. O Salmo 23 é um exemplo bem clássico, ele me guia por caminhos de justiça por amor ao seu nome... Jesus repetia sempre a firma registrada de suas palavras, em verdade, em verdade eu vos digo...E mais, terra e céus passarão, mas as minhas palavras não hão de passar. E ainda, seja, porém, o vosso falar, sim, sim e não, não...

Nas culturas mais recentes e também regionais, estão sempre atrelados nome e personalidade. Recordo-me do meu primeiro par de sapatos, pelos doze anos, quando minha mãe Tilinha, ainda não conhecia o plano bíblico da salvação, me falou, fale com dona Jamila pra te entregar um par de sapatos pra você pagar em diversas vezes, como puder. Dona Jamila Nader era uma amiga imigrante libanesa, proprietária da casa de tecidos e calçados da vila. E cada semana eu honrava a palavra de minha mãe e fazia o meu próprio nome com as gorjetas que recebia como ajudante de mecânica. Curioso é que Dona Tilinha não  precisava de cheques nem qualquer outro papel. A palavra era o seu documento. Por aqueles idos de 1947, e ainda hoje em certas regiões do Brasil, são comuns expressões como esta, ali está uma pessoa de palavra.

Em certas funções na sociedade, a palavra se torna um instrumento ainda mais significativo. Poderia até chamar este capitulo, a palavra dos ppp, pais, professores e pastores, não esquecendo outros profissionais. A criança, em seus primeiros anos de escola, assustada, costuma dizer à professora, mas minha mãe disse...! E quando está em casa, mas a minha professora disse...! O motivo do espanto é que ela se encontra diante de duas autoridades que merecem igual credibilidade. Se o professor diz à classe que a chuva vem das nuvens, a criança protesta, mas meu pai disse que a chuva vem de Papai do céu!

Agora, imagine a importância da palavra do Pastor. A partir de certa idade, a criança passa a ter no pastor o seu maior referencial. Até supera a figura dos pais e dos mestres. E tal conceito perdura por toda a vida da pessoa.

Palavra de Pastor é palavra de qualidade, palavra da hora certa e palavra confiável.

Exemplos bíblicos vimos há pouco e outros podem ser buscados, como em Paulo, nenhuma palavra torpe saia da vossa boca...

Além da qualidade, temos que nos preocupar e muito com a oportunidade, como nas Sabedorias, como maçãs de ouro em bandeja de prata, assim é a palavra dita no tempo certo. Nada mais comum e importante na vida de um ministro da Palavra de Deus.

Mas este capítulo ficaria incompleto se não nos lembrássemos da palavra confiável de um pastor de almas. O simples esquecimento de uma palavra ou compromisso pode gerar tristezas e crises na vida de uma ovelha. O homem de Deus, e mais ainda se ele é um pastor, não pode se esquecer de um compromisso financeiro, sobretudo se essa obrigação é de caráter particular dentro ou fora do rebanho. Quando se trata de deveres legais, ainda assim é necessário que o líder espiritual não permita que a instituição ou pessoa física tenha de estar se envolvendo em consultas sucessivas ao cliente e agências superiores por causa de compromissos não honrados.

O mesmo raciocínio se aplica ao dia a dia de trabalho pastoral. Quando falei de atendimento pastoral, lembrei que compromisso à saída do culto é um risco para o esquecimento, devido ao cansaço físico da mensagem e a rapidez dos movimentos de despedida do auditório. Nesse momento, o pastor deve estar acompanhado de um diácono ou obreiro previamente designado com uma boa agenda às mãos. Boa agenda também não pode faltar nas mãos do próprio obreiro por onde quer que ele ande. Tudo para não acontecer o esquecimento que sempre vai passar como negligência ou descaso, mesmo que motivado por acúmulo de atividades.

Amado pastor, cuidar bem de sua palavra, nos três sentidos que acabo de abordar, é cuidar de um dos maiores instrumentos que o Senhor colocou em suas mãos para ajudar a muitos e honrá-lo tanto quanto ele merece.


 20. Pendurando as armas

Talvez este seja o momento mais difícil na vida de um pastor. Como acontece com profissionais de outras áreas, o pastor como ser humano deve relutar, no íntimo, antes de decidir aceitar sua jubilação. A medida parece transmitir uma confissão de fraqueza e isso não lhe cai bem na alma. Perturba-o também o pesadelo do ócio. Ainda se incomoda com o possível impacto que a notícia causará no coração de seu atual rebanho.

Em vista de toda a complexidade desse momento ímpar, tendo eu mesmo passado por essa experiência bem recentemente, deixo com você, amado colega, alguns conselhos.

Primeiro, procure sentir o seu próprio coração a respeito do assunto.

Segundo, procure sentir o coração de Deus, procurando respostas em sua Palavra e evidências da vontade de Deus em sua vida pessoal.

Terceiro, procure ouvir o rebanho, ou seja, não palavras audíveis, porque você ainda não publicou seu pensamento às ovelhas, mas prestando atenção às reações do povo aos seus desafios de profeta.

Quarto, procure ouvir a voz dos resultados, quer dizer, crescimento espiritual e numérico do seu rebanho.

Quinto, procure ouvir a voz de suas respostas à demanda do seu próprio trabalho. Suas forças estão correspondendo às necessidades do ministério pastoral?

A soma de todas essas indagações certamente o ajudará a saber se chegou a hora de descansar. Quais serão então os próximos passos?

Agora você está preparado para comunicar sua decisão ao rebanho que pastoreia. É importante que ninguém tenha tomado conhecimento do fato além de sua esposa e familiares de sua total confiança. Por mais elevada que seja a posição de seu estafe, há sempre o risco de outros se sentirem menosprezado em assunto de tanta relevância.

Marque então uma reunião especial ou use a próxima reunião do conselho administrativo, onde estarão presentes os seus diáconos e diretores em geral e comunique sua decisão. Na próxima assembléia geral, certamente você fará sua comunicação oficial. Ai, por certo, a maioria do rebanho já estará sabendo. Este passo e o cuidado anterior devem ser dados igualmente quando você resolve aceitar convite para outro pastoreio.

O próximo passo, que sempre executei, é levar a mesma assembléia a nomear uma comissão de sucessão pastoral, que passará a trabalhar sob a sua orientação, ainda que tenha seu presidente e seu relator. Faça com eles reuniões preliminares, passando-lhes instruções sobre critérios de escolha do novo líder, se o candidato deve exercer tempo integral, se terá sustento integral, residência da igreja e outros benefícios. Entre os critérios, pondere com eles sobre se haverá diversos candidatos concorrendo a um só tempo ou se a igreja deve convidar um só de cada vez, como foi o meu caso agora, na minha jubilação.

Essa comissão passa a ser um elo, ouvindo sugestões da igreja e transmitindo o respectivo convite a cada candidato. Nessa fase, costuma-se receber visitas do candidato para que ele e a igreja se conheçam mutuamente melhor antes de qualquer convite formal.

Passado esse momento, ou seja, aceito o primeiro convite e também confirmado por escrito, entra-se no período de preparação para a posse, o que poderá acontecer num mesmo culto solene de despedida do antigo pastor ou em ocasiões distintas. No meu caso recente a igreja fez esta segunda opção, entre outras razões porque se tratava também do meu jubileu de ouro ministerial e bodas de ouro com minha esposa Ruth.

Nessa importante fase da vida do ministro de Deus, surge a questão de sua permanência no meio do rebanho. No meu caso, decidi permanecer, de comum acordo com a esposa, porque o Pastor Robson Botelho Nunes nos deixou bem à vontade para tanto e também porque eu estava seguro de que jamais iria interferir na administração do colega. Outro motivo foi sentir que desse modo a transição seria bem mais suave para as ovelhas, o que de fato aconteceu.

Por essa mesma ocasião, aqui em Cabo Frio, no Rio, fui honrado com o título de Pastor Emérito da Igreja Batista Nova Jerusalém.

Finalmente, quero testemunhar a você, amado colega, e a todos quantos lerem estas minhas humildes memórias, que não precisamos temer o ócio nem o tédio pelo tempo de nossa jubilação. O tempo é curto para tantos afazeres como a devoção, as intercessões, as leituras, os estudos, os escritos, a internet, os convites para pregar e ajudar pastores e tantas outras delícias do reino de Deus. Some a tudo isso as obrigações de esposo, pai, avô e bisavô e verá que, embora as forças físicas estejam comprometidas, na velhice você ainda pode dar muito fruto para a glória do maravilhoso Deus que há tanto tempo o convocou.


Palavra final

Aqui termino estas humildes memórias de 50 anos de bênçãos pastorais. Aliás, são 60, uma vez que iniciei com minha experiência de chamado.
Minha esperança é que eu tenha contribuído para ajudar meus amados colegas, principalmente os mais novos, a exercer o glorioso ministério de modo ainda mais glorioso que o meu, tudo e sempre para a honra e a glória de Deus.

Um comentário:

  1. Excelentes conselhos ao jovem no pastoreio e à própria Igreja.
    Quando vivemos para estender o Reino e Glorificar a DEUS!

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